A festa de comemoração das vitórias de Lula (eleito presidente do Brasil) e de Jeronimo Rodrigues (eleito governador da Bahia) começou antes mesmo do resultado oficial no Largo de Santana, no bairro do Rio Vermelho, na zona sul de Salvador. Mas a comemoração virou carnaval, tão logo o TSE declarou a vitória de Lula e o single mais simbólico da campanha, ”Lula Lá”, foi entoado em coro pelos eleitores que se abraçavam e choravam. A festa ficou completa com chegada do “time correria”.
Na Bahia, o 4º maior colégio eleitoral do Brasil, Lula obteve a segunda maior votação do país, 72,12% dos votos válidos, sua maior votação proporcional foi no Piauí com 76,86%. O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) terá governadores aliados em 11 estados a partir de 2023, incluindo quatro governadores do PT, mas terá de lidar com nomes da oposição em 14 governos estaduais, especialmente no Sul, Sudeste e Centro-Oeste do país.
Há também dois governadores eleitos que ficaram neutros: Eduardo Leite, no Rio Grande do Sul, e Raquel Lyra, em Pernambuco. Ambos são do PSDB. Neste segundo turno, aliados de Lula venceram a disputa em cinco estados: Bahia, Paraíba, Alagoas, Sergipe e Espírito Santo.
A relação com os governadores deverá ser uma das bases do novo presidente para emplacar projetos de interesse do governo. Desde o início da campanha, Lula tem dito que pretende chamar governadores e prefeitos das capitais de todo o país, inclusive os partidos de oposição, para uma conversa nas primeiras semanas de governo.
Além de defender uma ação alinhada em projetos importantes, o futuro presidente deve definir com os gestores quais obras são prioridade de cada estado. O objetivo é fazer um contraponto a Bolsonaro que teve uma relação de rusgas com os governadores durante o seu mandato, especialmente os de estados do Nordeste.
Com 11,3 milhões de eleitores, a Bahia será o maior estado governado pela base lulista. O petista Jerônimo Rodrigues venceu o ex-prefeito de Salvador ACM Neto (União Brasil) por margem estreita, consolidando uma hegemonia do PT na Bahia que chega ao quinto mandato consecutivo.
No Espírito Santo e na Paraíba, foram reeleitos os governadores João Azevêdo e Renato Casagrande, ambos do PSB. Em Sergipe, o eleito foi o deputado federal Fábio Mitidieri, que faz parte da ala lulista do PSD, enquanto em Alagoas foi reeleito o governador Paulo Dantas (MDB). No primeiro turno, Lula já havia visto vitórias de aliados no Amapá, Ceará, Maranhão, Pará, Piauí e Rio Grande do Norte.
Em outros 14 estados estarão governadores que apoiaram Jair Bolsonaro neste segundo turno. A principal derrota petista foi em São Paulo, onde Fernando Haddad (PT), que foi ministro da Educação no governo Lula e havia disputado a Presidência pelo partido em 2018, não se elegeu.
A vitória de Tarcísio de Freitas (Republicanos) consolida um domínio do bolsonarismo no Sul e Sudeste. Nesta última, os governadores Cláudio Castro (PL), no Rio, e Romeu Zema (Novo), já haviam sido reeleitos em primeiro turno.
Maior colégio eleitoral do país com 34,6 milhões de eleitores, São Paulo será comandado por um governador do núcleo duro do bolsonarismo e deve atuar como uma espécie de contraponto ao governo petista.
No Sul, houve vitória bolsonarista em Santa Catarina, com Jorginho Mello (PL), e derrota no Rio Grande do Sul, onde Onyx Lorenzoni (PL) perdeu para Eduardo Leite. O presidente Bolsonaro é aliado também de Ratinho Júnior (PSD), eleito no Paraná no começo do mês.
No Norte do país, Bolsonaro teve mais duas vitórias neste domingo, com Wilson Lima (União Brasil) no Amazonas e Marcos Rocha (União Brasil) em Rondônia. Por outro lado, Pará e Amapá serão governados aliados de Lula.
No Centro-Oeste, Mato Grosso do Sul também será governado por um aliado de Bolsonaro, o tucano Eduardo Riedel. No primeiro turno, a disputa para os governos de Mato Grosso e Goiás já havia sido vencida por partidos de direita.
No Rio Grande do Sul e em Pernambuco, os novos governadores ficaram neutros nesta segunda etapa da eleição presidencial. Eleito para um novo mandato, Eduardo Leite teve o apoio crítico do PT neste segundo turno e não terá dificuldade em construir pontes com o novo presidente.
Raquel Lyra também manteve a neutralidade contra Marília Arraes (Solidariedade), mas recebeu o apoio de uma pequena parcela do PT e de nomes da esquerda como o deputado federal Túlio Gadêlha (Rede). A expectativa é que Lula busque construir pontes com governadores da oposição, incluindo nomes como Cláudio Castro e Romeu Zema.