Da redação TN
Pescadores que ao longo de décadas sobreviveram da pesca artesanal no rio Mucuri, especialmente da região da ponte sobre a rodovia BR-101, até o encontro da água doce com o mar, estão reclamando que os peixes, antes abundantes, hoje estão desaparecendo.
Eles queixam-se da captação do grande volume d’água por parte da Suzano, assoreamento sem dragagem de areia, os efluentes supostamente tóxicos que seriam jogados pela papeleira na sua tubulação de descarte, além do represamento na Usina Santa Clara, que fica na divisa dos municípios de Mucuri-BA., e Nanuque-MG.
Mais recente os pescadores aumentaram as queixas com o aparecimento de um sedimento no fundo do rio, que eles chamam de limo, o que estaria tornando a atividade pesqueira impossível de ser praticada.
Na segunda-feira (27) a Colônia de Pescadores Z-35 de Mucuri, convocou reunião com os pescadores e convidou representantes da Prefeitura Municipal e da Suzano, quando as questões foram expostas. Os pescadores reclamam do aparecimento desta e de outras substâncias estranhas ao longo do rio e alertaram que alguns estão passando dificuldade financeira, até mesmo na questão de alimentação.
Durante a reunião o químico Alberto Carvalho, colaborador da Suzano, afirmou que todas as análises feitas no rio, comprovariam os padrões exigidos por resolução da Agência Nacional de Águas (ANA), inclusive em relação à oxigenação e se despôs a levar uma comissão de pescadores até os locais de captação e descarte da empresa, com a finalidade de esclarecer todas as dúvidas levantadas.
Segundo Carvalho a Suzano já conseguiu uma autorização de emergência junto à ANA, para a liberação de um volume maior de água de sua Pequena Central Hidrelétrica (PCH), que fica no rio Mucuri, porém em solo de Minas Gerais, objetivando aumentar a vazão. “Conversamos com a Agência Nacional de Águas e a mesma autorizou a liberação da PCH Mucuri uma vazão de 25 m3/s. Esta vazão em função da distância terá perdas no caminho. A vazão que deve passar na região da ponte da BR-101 deve chegar uns 15 m3/s. Esta água deve melhorar as condições do rio e o tempo que vai levar a água até a ponte é de 3 dias”, informa Alberto Carvalho.
Em documento enviado à Secretaria de Meio Ambiente de Mucuri (SEMAM), a Coordenação de Marcos Regulatórios e Alocação de Água (COMAR), órgão da Agência Nacional de Águas (ANA), alerta para a crise hídrica que assola o rio Mucuri. “Para a análise dessa demanda, é relevante informar que o sistema hídrico encontra-se, desde 1º de agosto de 2021, variando entre os Estados Hidrológicos Amarelo e Vermelho, em função de vazão afluente inferior a 13,5 m3/s, sendo mantidas vazões entre 7 e 8m3/s a jusante da UHE Santa Clara, conforme determinam os incisos II e III do art. 3º da Resolução ANA nº 40, de 2020. No entanto, tendo em vista o caráter emergencial da solicitação, AUTORIZAMOS a defluência de vazão média diária do reservatório UHE Santa Clara além dos valores definidos na Resolução citada, limitada, porém, à vazão média diária afluente ao lago”.
E completa: “Essa operação deverá, ainda, garantir a MANUTENÇÃO DE COTA IGUAL a 83m no reservatório da UHE Santa Clara por 2 (dois) dias contados a partir da chegada das águas oriundas da liberação de 25m3/s na PCH Mucuri”.
Obrigatoriamente este novo volume d’água precisa ser liberado pela Usina Santa Clara, que além da barragem, possui mais de 900 metros do lago em território do município de Mucuri.