O policial militar suspeito de matar os indígenas Nawir Brito de Jesus, 16 anos, e Samuel Cristiano do Amor Divino, 21, foi interrogado pela Polícia Civil na noite desta segunda-feira (30/01), mas, ele usou o seu direito constitucional de permanecer calado. O policial militar, identificado por Laércio Maia Santos, 31 anos, se apresentou as autoridades policiais da 8ª Coordenadoria Regional da Polícia Civil de Teixeira de Freitas na manhã desta segunda-feira (30) e na sequência foi levado para Eunápolis.
Conforme o delegado Moisés Damasceno, diretor da 23ª Coordenadoria Regional de Polícia Civil de Eunápolis, que preside o inquérito do caso, o militar que não quis prestar depoimento em oitiva, pois se reservou ao seu direito constitucional de permanecer calado, será encaminhado ainda esta noite (30), para o Batalhão de Choque da Polícia Militar, em Lauro de Freitas, na região metropolitana de Salvador.
Com prisão temporária decretada pela justiça da comarca de Itabela, no último dia 25 de janeiro, o soldado Laércio Maia Santos, 31 anos, lotado na 87ª CIPM de Teixeira de Freitas, se entregou a Polícia Civil na companhia de dois advogados. O suspeito militar integra os quadros da PM há sete anos e também prestava serviço de segurança privada a um fazendeiro da região, conforme apurou as investigações.
O delegado Moisés Damasceno, que coordena os trabalhos, informou que o carro do policial, que teria sido usado no crime, ainda não foi localizado. A suspeita que o acusado pode ter escondido o veículo Toyota SW4, cor prata, placa OLD087, quando percebeu que era alvo da operação. Em Teixeira de Freitas onde mora e prestava serviço, o Soldado Laércio Maia sempre foi bem visto e gozava de grande prestigio social e, nunca antes, nada havia desabonado a sua conduta pessoal e profissional, tanto que em 2022, recebeu uma homenagem da Câmara Municipal, ao ser outorgado com uma Moção de Congratulação pelos seus relevantes serviços prestados a comunidade teixeirense.
O crime
O ocorreu no último dia 17 de janeiro, as margens da BR-101, adjacente do povoado de Montinho, no município de Itabela. O militar suspeito do duplo homicídio, estava sendo procurado por equipes da Força Integrada (FI) de Combate a Crimes Comuns envolvendo Povos e Comunidades Tradicionais. No último sábado (28), a Secretaria de Segurança Pública (SSP-BA) informou que o suspeito havia sido identificado. Durante buscas das equipes, os policiais apreenderam armas, celulares, rádios comunicadores, entre outros dispositivos eletrônicos, encontrados em um imóvel utilizado pelo suspeito na zona rural do município de Porto Seguro.
Os jovens pataxó Nawir Brito de Jesus, 16 anos, e Samuel Cristiano do Amor Divino, 26 anos, foram alvejados a tiros, no fim da tarde de terça-feira (17/01), quando as vítimas trafegavam sobre uma motocicleta. O crime repercutiu no Brasil e fora dele. No Ministério dos Povos Indígenas, em Brasília, a titular da pasta, Sônia Guajajara, atribuiu a violência ao conflito por terra e instalou um gabinete de crise para acompanhar o caso. Já o governador Jerônimo Rodrigues (PT) determinou que a Secretaria da Segurança Pública implantasse a Força Integrada (FI) de Combate a Crimes Comuns envolvendo Povos e Comunidades Tradicionais.