Marina Silva, ministra do Meio Ambiente, durante audiência na Câmara dos Deputados nesta quarta-feira, 24, criticou as práticas de desmatamento de parte dos produtores rurais, classifado por ela como “ogronegócio”, fazendo um trocadilho com “agronegócio”.
“O governo vai apostar nessa transição [para agricultura de baixo carbono]. Para que a gente tire o agronegócio brasileiro da condição de “ogronegócio”. Porque uma boa parte já está fazendo o dever de casa, e a parte que não faz, contamina todo resto e isso tem sido um prejuízo muito grande para o Brasil, para os investimentos, para fechar acordo do Brasil com Mercosul e União Europeia”, destacou a ministra.
Ela, contudo, fez questão de frisar que esse “ogronegócio” representa uma minoria de produtores rurais. “Eu disse que nós temos o agronegócio e temos uma pequena parte que resiste a mudança, resiste as transformações que é o ‘ogronegócio’, mas eu não generalizei”.
O deputado da bancada ruralista Evair Vieira de Melo (PP-ES) reagiu ao trocadilho da titular do Meio Ambiente e acusou Marina de ter sido desrespeitosa com os produtores brasileiros.
“Eu quero rechaçar veementemente, mesmo dirigida a uma minoria mais uma vez a senhora usou uma expressão infeliz, que vai estar na mídia, atingiu desrespeitosamente os produtores brasileiros. A senhora vai lacrar aqui”, apontou.
Marina, então, retrucou: “Desculpa, deputado. Mas eu sou uma mulher preta, pobre, que chegou aqui porque ralou muito, não porque lacrou”.
Evair também quis lembrar da sua origem humilde. “Eu sou neto de analfabeto, de imigrantes analfabetos que participaram da primeira reforma agrária no Brasil, meu pai saiu recebendo um câncer, continua agricultor, um homem semianalfabeto, que me deu a oportunidade de frequentar escola a distância, eu não estudei do lado da minha casa, com muita dificuldade, fiz faculdade trabalhando na roça, portanto também tenho as minhas convicções, a minha história de vida, do qual tenho muito orgulho, naturalmente”.