Da redação TN – [email protected]
A Prefeitura de Mucuri, através da Secretaria de Meio Ambiente (SEMAM), iniciou na madrugada desta quarta-feira, 01 de setembro, um dos trabalhos mais importantes na área ambiental do município, que o monitoramento das tartarugas marinhas. Para realização do trabalho em toda extensão da orla, tanto no setor nordeste, quanto na região de Costa Dourada, estão sendo empregados quatro profissionais.
Da sede de Mucuri, até a divisa com o município de Nova Viçosa, o monitoramento, que começa durante a madrugada e se estende até o meio da manhã, as ações são desenvolvidas pelo biólogo Sandro Akhenaton Sulz Barros Barbosa e pelo fiscal de preservação ambiental Wagner de Matos Koch, enquanto da foz do rio Mucuri, até a divisa com o Espírito Santo, o trabalho está a cargo de Florismundo Borges e Adão Oliveira, dois moradores da região do balneário de Costa Dourada.
A época de desova é regida principalmente pela temperatura, ocorrendo nos períodos mais quentes do ano. No litoral brasileiro, acontece entre setembro e março, com variação entre as espécies. “No caso de Mucuri, especialmente no perímetro urbano da sede, o monitoramento precisa ser ainda mais cuidadoso, pois a erosão costeira, que infelizmente atinge nossa orla, pode afetar os ninhos e descobrir os ovos. Se isso acontecer, já temos em preparação um espaço para remoção imediata”, informa o secretário de Meio Ambiente, Ronildo Brito.
Desova
O município de Mucuri vai receber neste período inicial da desova um técnico do projeto Tamar que está atuando no município de Caravelas, que fará a atualização das técnicas de monitoramento, aplicadas em todo o território nacional.
Ameaças
Todas as cinco espécies de tartarugas marinhas que vivem ou se aproximam para desovar, se alimentar ou descansar no litoral brasileiro estão em risco de extinção. São elas a cabeçuda, de pente, a verde, a oliva e a de couro, também conhecida como gigante. Essas são encontradas em todos os oceanos do mundo. E existem mais duas espécies, a kempi, na região do Golfo do México, e a flatback, na Austrália.
A boa notícia é que a situação tem melhorado, segundo a bióloga do Projeto Tamar, Suami Macedo. “Nesses quase 30 anos de trabalho do Tamar, começamos agora a comemorar alguns sinais de recuperação graças à conscientização principalmente dos pescadores”, explica. Com a atuação da ONG, houve um aumento gradual do número de filhotes liberados ao mar, totalizando, até 2007, mais de 8 milhões. Mais uma boa novidade: cerca de 70% dos ninhos permanecem in situ, ou seja, são mantidos nos locais originais de postura.
Uma das principais ameaças contra a vida das tartarugas marinhas são as redes de pesca, pois quando se enroscam nelas, não conseguem subir à superfície para respirar. Acabam morrendo sem ar. Outros grandes problemas que as tartarugas enfrentam no litoral brasileiro é a ingestão de lixo, que provoca doenças, o sufocamento por sacolas de plástico jogadas no mar. “Neste período de desova, se encontrarmos redes armadas, principalmente na praia, vamos realizar a apreensão”, ressalta o secretário Ronildo Brito.
Curiosidade
Uma curiosidade em relação às tartarugas marinhas é que sua origem foi na terra. Seu habitat virou marinho há 180 milhões de anos, e para isso elas sofreram adaptações como a diminuição no número de vértebras e ganharam uma carapaça resistente, porém mais leve que a das espécies de terra. Os dentes deixaram de existir e, em seu lugar, a tartaruga marinha ganhou um bico, e suas patas viraram nadadeiras. Elas vivem cerca de 100 anos e as fêmeas sempre botam ovos na praia onde nasceram, mesmo que para isso elas precisem se deslocar 2.000 km.