Na tarde desta segunda-feira, 15 de julho, uma ação policial realizada por equipes da 8ª Coordenadoria de Polícia do Interior (Coorpin/Teixeira de Freitas), envolvendo as Delegacias Territoriais (DTs) de Itamaraju e o Prado, além do CATTI/Extremo Sul, no curso das investigações acerca da morte de dois indígenas, marido e mulher, caso ocorrido na Aldeia Corumbauzinho, resultou na prisão de quatro indígenas, apontados como envolvidos em uma das mortes.
Segundo o que foi apurado pela Polícia Civil, o indígena Lucimar Rocha da Silva, de 40 anos, morreu durante um incêndio em sua residência, ocorrido por volta das 19h do último domingo (14), provocado por ele mesmo, que teria jogado gasolina e ateado fogo em cédulas de dinheiro, ocasião em que perdeu o controle das chamas, iniciando-se o incêndio de sua casa.
O fato teria ocorrido após uma discussão com sua companheira, em torno da divisão dos valores provenientes de artesanatos, vendidos pelo casal no sábado (13). Foi em tal momento que ele, alcoolizado e chateado, teria jogado as notas de dinheiro no chão e ateado fogo.
A companheira dele, Miscilene D’ajuda Conceição, de 44 anos, conseguiu sair da casa a tempo, mas o companheiro não conseguiu e morreu carbonizado.
“Em face disso, um irmão de Lucimar, de 45 anos, morador de uma aldeia vizinha, Aldeia Águas Belas, dirigiu-se ao local e, com apoio do cacique, de 38 anos, do pai, de 74 e do irmão do cacique, de 34 anos de idade, também parentes do morto, espancou Miscilene até a morte”, informa a Polícia Civil.
“Segundo os relatos de testemunhas oculares, não obstante suas súplicas, Miscilene foi atirada na casa em chamas e quando corria, era novamente espancada e empurrada para dentro do imóvel”, completa.
Ainda segundo o que ficou apurado, enquanto os fatos eram praticados por seu cunhado (irmão de Lucimar) e pelo pai do Cacique da Aldeia Águas Belas, as testemunhas presentes eram ameaçadas pelo Cacique e irmão do cacique da referida Aldeia vizinha para não interferirem, pois diziam que “era coisa de família” (referido cacique também tinha parentesco com Lucimar). Durante a sessão de tortura, a vítima Miscilene não resistiu e morreu antes de ser socorrida.
Com base nos fatos evidenciados nas investigações, as equipes da Polícia Civil, de forma contínua, diligenciaram na Aldeia Águas Belas, onde efetuaram a prisão do Cacique, de seu irmão e seu pai. O irmão de Lucimar foi preso no Instituto Médico Legal de Itamaraju, onde se encontrava realizando os procedimentos para a liberação do corpo de seu irmão.
Durante seu interrogatório, o irmão de Lucimar alegou não lembrar de nada do que ocorreu. Informou, pois, que nem negava, nem afirmava a autoria do crime. Já os demais envolvidos, mesmo diante dos diversos depoimentos colhidos, negaram a participação nos fatos.
Formalizado o Auto de Prisão em Flagrante, os quatro indígenas foram colocados à disposição da Justiça e devem passar por audiência de custódia, a ser realizada pela Vara Criminal da Comarca de Itamaraju.