No Dia da Consciência Negra, 20 de novembro, a figura de Machado de Assis, um dos maiores ícones da literatura brasileira, é um lembrete das contradições do racismo no Brasil. Negro e criado em meio à profunda desigualdade social do século XIX, Machado alcançou um espaço majoritariamente branco, mas sua identidade racial foi muitas vezes silenciada ou minimizada pela história oficial.
Na noite desta terça-feira (19/11), o CEMAS – Colégio Estadual Machado de Assis, no bairro Vila Vargas, em Teixeira de Freitas, foi palco de uma celebração cultural marcante em tributo ao Dia Nacional da Consciência Negra. O evento homenageou a literatura de Machado de Assis e de tantos outros escritores e poetas, em uma apresentação cultural que encantou os presentes.
O Coletivo das Artes Motirô, um dos movimentos sociais mais expressivos do extremo sul da Bahia, sediado em Teixeira de Freitas, liderou a programação cultural inicial, reunindo personalidades da educação, psicologia e literatura. Entre os destaques estavam os escritores negros Athylla Borborema, Arolda Figuêredo, Eliseu Matias, Marcos Sousa Silva e outros escritores e poetas, além da psicóloga Josélia de Sousa Nascimento e do artista plástico angolano Alberto Funda, mestre em oncologia clínica que a partir das 19h30 do próximo dia 23 de novembro, estará com sua exposição de artes na Galeria Motirô em Teixeira de Freitas.
O momento mais aguardado da noite foi a inauguração de uma nova Geladeiroteca, projeto do Coletivo que transforma geladeiras descartadas em bibliotecas comunitárias. Instaladas em escolas e espaços públicos, as Geladeirotecas oferecem livros e materiais de leitura, promovendo o acesso à literatura de forma criativa e sustentável.
O professor André Almeida, coordenador pedagógico do EJA do Colégio Estadual Machado de Assis, destacou a importância de expandir o hábito da leitura para além dos ambientes institucionais. “Precisamos levar a leitura às praças e demais espaços públicos, promovendo o acesso ao conhecimento em todas as camadas da sociedade, seja em centros urbanos, áreas rurais e unidades prisionais”, afirmou.
A presidente no Coletivo das Artes Motirô, a pedagoga e artista cultural Kátia Aslene, disse que a iniciativa da nova Geladeiroteca é mais um passo na programação cultural do Coletivo, que está espalhando pela cidade diversos pontos de leitura, em formas de geladeiras usadas que, depois de plotadas, são colocadas em pontos anteriormente escolhidos em locais públicos ou escolas.
A presidente Kátia Aslene iniciou falando um pouco do significado da palavra MOTIRÔ – palavra de origem Tupi Guarani que significa – reunião de pessoas que plantam juntas para colher juntas. E explicou que os coletivos de arte podem ser classificados como associações entre pessoas de profissões similares, ou diferentes, dentro da economia criativa (músicos, fotógrafos, designers, poetas, escritores, artistas plásticos, artesãos entre tantos outros profissionais), com o objetivo comum de desenvolver projetos diante do cenário artístico-cultural de Teixeira de Freitas e região.