Morre o advogado e escritor Jomar Ruas, imortal da Cadeira nº 12 da Academia Teixeirense de Letras

A literatura mineira e baiana perde um grande nome com a morte de Jomar Ruas

Morre o advogado e escritor Jomar Ruas, imortal da Cadeira nº 12 da Academia Teixeirense de Letras
Por ocasião da posse de Jomar Ruas na Cadeira nº 12 da Academia Teixeirense de Letras, sendo diplomado pelo ex-prefeito de Caravelas Jadson Ruas e então presidente da Associação do Prefeitos do Extremo Sul da Bahia e pela secretária-geral da ATL Cristhiane Ferreguett.
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Morreu no final da noite deste último sábado (16/07) numa unidade hospitalar de Teixeira de Freitas e foi sepultado no final da tarde deste domingo (17), na cidade de Alcobaça, onde morava, o advogado e escritor Jomar Ruas, 96 anos, titular da Cadeira noº 12 da ATL – Academia Teixeirense de Letras.

No dia 06 de outubro de 2016, aos 91 anos, o advogado e escritor Jomar Ruas, após alguns dias internado no Hospital Municipal de Teixeira de Freitas, acometido de uma encefalia e, em seguida, de uma pneumonia, que, devido à gravidade do seu estado de saúde, foi transferido para uma UTI da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais, em Belo Horizonte.

No dia 11 de outubro de 2016, a notícia chegou que ele já estava respirando sem a ajuda dos aparelhos, o que deixou os familiares e os confrades da ATL – Academia Teixeirense de Letras, bastante aliviados. Depois desta época ele vinha se recuperando bem, tanto que no domingo do dia 22 de julho de 2018, promoveu em sua casa na cidade de Alcobaça uma grande festa para celebrar com os amigos e familiares os seus 93 anos de vida.

Quem foi Jomar Ruas

O advogado e escritor Jomar de Figueiredo Ruas era um poeta de notório saber literário, amante da música, um refinado apreciador de vinhos, escravo da arte, amante da cultura e do direito fez da sua trajetória de vida, uma voz à luz da promoção da justiça. Jomar Ruas, que completaria 97 anos no próximo dia 22 de julho de 2022, nasceu no Vale do Jequitinhonha, em 1925, na cidade de Pedra Azul (MG), depois a família se mudou para Carlos Chagas e, algum tempo depois, para Nanuque, ambas cidades localizadas no Vale do Mucuri, sempre ajudando o pai na criação de gado bovino.

Em 1951, Jomar se casa com Ruth Reuter e, por causa da formação escolar dos filhos, o casal se muda para Belo Horizonte. Na capital, eles cuidaram dos oito filhos e ainda conseguiram um tempo para se graduar em direito. Após concluírem a formação jurídica, Jomar advogou por 20 anos ininterruptos na capital mineira.

Em 2002, com os filhos devidamente criados e em busca de tranquilidade, o casal troca Belo Horizonte por Alcobaça, no extremo sul da Bahia. Ele era advogado filiado à subseção de Itamaraju da OAB – Ordem dos Advogados do Brasil e era também decano do Liceu de Letras e Artes de Alcobaça.

Jomar Ruas era poeta de inspiração popular tendo publicado o livro “Meus Devaneios” em 2014, o que o levou, em 2016, a ser convidado para ser membro efetivo fundador da Cadeira nº 12 da ATL – Academia Teixeirense de Letras, cuja patronesse é a saudosa Eugênia Viana Rodrigues. Jomar Ruas tomou posse na cadeira em sessão solene de instalação no sábado do dia 4 de junho de 2016, mas por causa dos seus problemas de saúde que viriam logo depois, ele nunca mais compareceu às sessões plenárias da instituição.

Jomar Ruas tinha uma família numerosa, cheia de membros dotados de veia artística e musical, o que proporcionava os encontros animados entre familiares e amigos quando se encontravam em Belo Horizonte, mas, especialmente, em Alcobaça. Esse espírito agregador e festeiro acabou inspirando a criação do “Encontro Ruas”, em que todos se reuniam para celebrar a amizade e a vida.

Jomar Ruas partiu para sempre, mas ficou o legado familiar e cultural inesquecível. Ele deixou a viúva Ruth Reuth Ruas, com quem viveu mais de 70 anos, além dos 08 filhos, 27 netos e 13 bisnetos.

Depoimentos

O presidente da ATL – Academia Teixeira de Letras, o escritor e jornalista Athylla Borborema, disse que Jomar Ruas foi um dos maiores intelectuais da mesorregião, um homem de ação, autor de movimentos célebres que reunia expoentes e intelectuais de vários lugares do país. Era sempre um ativista no sentido de ajudar, na medida das suas possibilidades. “O confrade Jomar Ruas foi um homem culto, democrata e dono de espírito público único que viveu uma trajetória singular. Tinha a ousadia da coragem do pensar, e do fazer. Era um fazedor de compreensões sobre nós mesmos. Ele era capaz de nos explicar, sobre o espelho das liberdades necessárias. Para Jomar Ruas, tudo era motivo para festejar, pois, para ele, a vida é curta demais. E como ele viveu para festejar, a ATL já começou a pensar nos preparativos, ainda para este segundo semestre de 2022, a sessão da saudade para homenagearmos o nosso eterno confrade e imortal Jomar Ruas”, assegurou o presidente Athylla Borborema.

O advogado e jornalista João Ademir Fontes de Araújo, presidente da Subseção de Itamaraju da OAB – Ordem dos advogados do Brasil, onde o imortal era filiado como advogado, disse que Jomar Ruas deixa uma marca profunda na história do direito e da literatura do extremo sul da Bahia, onde escolheu para viver há 50 anos. “Estive com ele poucas vezes, mas sei que ele era uma pessoa jovial, alegre, amigo e muito companheiro. Ele revolucionou a cultura literária e musical de Alcobaça. Fiquei surpreso porque, pelo que sabia, ele estava bem de saúde. Havia atravessado um período de dificuldade, mas havia se recuperado. Foi uma notícia triste. Mas o que nos alivia, é que ele viveu cercado de muito amor, ao lado da família e dos amigos que mais amava. Jomar Ruas foi o símbolo perfeito do intelectual orgânico, combativo, exemplar”, disse o presidente da OAB João Ademir.

O escritor e juiz de direito Marcus Aurélius Sampaio, conterrâneo do imortal nas Minas Gerais, que já foi juiz de Alcobaça quando lá Jomar militou como advogado e também confrade de Jomar Ruas na Academia Teixeirense de Letras, enalteceu as qualidades do amigo e confrade: “Eu lhe devotava uma admiração enorme. Um homem muito engraçado, divertido, de sólida cultura que devia à imposição paterna. Jomar Ruas era um homem apaixonado pelas conquistas humanas do pensamento, escreveu com maestria, tanto como advogado quanto como poeta, protetor da língua portuguesa e um homem que tinha motivos de sobra para festejar a vida. A literatura mineira e baiana perde um grande nome com a morte de Jomar Ruas, que seis dias antes de completar seus 97 anos, bem vividos, nos deixa rumo à imortalidade. Neste momento de dor, presto minha solidariedade aos familiares, amigos e leitores”, ressaltou o juiz Marcus Aurélius.

A cunhada Almira Reuter, escreveu na sua rede social: “Jomar Ruas viveu a vida como ninguém. Ele sempre foi uma pessoa alegre, amava ler, escrever, recitar poesias e cantar. Quase chega aos 100 anos contando lindas histórias. Sua casa sempre estava cheia de violonistas, sanfoneiros, uma paixão que ele deixou para os filhos, que juntos sempre renderam lindas serenatas, especialmente em noite de luar. Imagino agora a sua chegada no céu, quanta música, quantos amigos te esperando. Meu querido cunhado que você continue aí do alto, cantando e encantando com as suas histórias e anedotas. Que Deus o receba de braços abertos. Meu abraço bem fraternal a minha irmã Ruth Reuth Ruas, aos seus filhos, meus queridos sobrinhos, Vilmar Ruas, Laerte Ruas, Ricardo Ruas e Marcelo Ruas”.

O presidente de honra da ATL, o jornalista e poeta Almir Zarfeg, dedicou uma trova especialmente ao agora saudoso confrade: “Jomar Figueiredo Ruas / Poeta dos devaneios / Da pedra azul ou da lua / Advogado dos anseios!”.

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