Por Fabiene Rodrigues Sobrinho
O professor Erivan Santana, imortal da Academia Teixeirense de Letras, titular da Cadeira nº 36 da ATL, lançou o seu novo livro de poemas, intitulado “Balada da Misericórdia na Primavera”, publicado pela Editora Lura, SP. O novo livro de Erivan Santana é prefaciado pelo também poeta e filósofo Maurício de Novais e traz posfácio assinado pelo jornalista e poeta Almir Zarfeg, o que já diz muito sobre o material em questão. A obra contendo 60 poemas está muito bem apresentada e recomendada aos leitores.
A nova obra literária de Erivan Santana traz uma poesia moderna, ágil e intertextualizada. Trata-se de um poeta que, de posse da linguagem, se permite dialogar com situações e personagens da história. Muito mais que isso, Erivan consegue manter uma comunhão de alto nível com poetas – como Neruda –, com pintores – como Cézanne –, com filósofos – como Nietzsche –, a fim de tornar a sua literatura muito mais tecida, viva e enriquecida.
O poeta Erivan Santana toma posse para, mais que informar, contagiar, emocionar e abraçar seus leitores. Quanto à forma, Erivan escreve leve e livremente, sem nenhum apego às rimas e muito menos à métrica. Para ele, bastam o ritmo, o gingado e a balada. Escreve poema conforme as urgências deste tempo – tempo terrível –, e dança segundo as emergências desta época – época líquida, diria Bauman –, sempre citado pelo poeta itanheense, embora, teixeirense de coração. Os poemas são quase sempre curtos, talvez por isso conquistem à primeira leitura.
Estamos, sobretudo, diante de um livro composto de versos livres, o que é marca registrada da produção de Erivan Santana, que sempre prefere o ritmo à rima, a fluência à metrificação. Enfim, trata-se de um poeta herdeiro das conquistas modernistas que revolucionaram o jeito de poetar, trocando o complicado pelo simplificado, mas sem abrir mão da qualidade literária.
O poema “11º Mandamento”, como escreveu o premiado poeta Almir Zarfeg, abre as 60 baladas que compõem a obra em questão, possui cinco estrofes, compostas de maneira irregular: a 1ª e a 2ª estrofes têm dois versos, sendo chamadas de “dísticos”. A 3ª estrofe possui três versos, o que lhe vale o nome de “terceto”. A 4ª e a 5ª estrofes repetem as anteriores, possuindo dois e três versos, respectivamente.
A este poema – a atenção continua focada no texto propriamente dito – envolve palavras e expressões bem conhecidas e coloquiais, mas escolhidas com critério, de modo que a leitura flua sem nenhuma dificuldade. A única novidade é o substantivo próprio “Cézanne” –, que remete ao pintor pós-impressionista francês Paul Cézanne –, com quem Erivan Santana dialoga e é referência notável no texto.